Às vezes penso que Bolsonaro é somente o mensageiro.
Deveríamos estar também preocupados com a mensagem.
A ignorância orgulhosa de todos os cantos do Brasil que vocifera desprezo pela urbanidade.
Loucura fecundada em anos de delírio onde imaginávamos que civilização era igual a consumo.
Compro, logo existo.
Ora se não compro sou o quê?
Sou monstro ensandecido que se alimenta de ódio e gargalha na cara da paz.
Por que então os justos ofereceram o paraíso da aquisição em vez do abismo da essência?
Bolsonaro é o mensageiro no cargo, por isso ameaça. Ofende. Contudo a mensagem no poder não se dissipa. Se acirra.
“Eu quero comprar.”
Direita quer comprar.
Esquerda quer comprar.
O negócio é comprar!
Não precisamos de terceira via, mas sim de via quântica.
No meios de tantos gritos não encontraremos caminho no silêncio. Talvez na música.
Na canção que um brasileiro cantou na ONU colocando o salão global pra dançar.
Nossa função não é entreter, não é alegrar o outro. Algo mais além. Uma oitava a cima. É agradar nosso olho, nosso ouvido, nosso corpo. É estar bem.
Comprar o feijão, mas saber plantar, distribuir, oferecer feijão, vender feijão. Cantar o feijão. Projetar o feijão. Fazer…
