O Fosso Autofágico

Washington Fajardo
3 min readNov 19, 2020

Este rapaz em situação de rua repousa ao relento, após uma noite chuvosa, junto a tapume de empreendimento imobiliário.

Este tapume contudo cerca um terreno que foi um dia um imóvel público.

Neste local havia uma gerência da COMLURB, na Rua Juquiá, no bairro do Leblon, Rio de Janeiro.

Esta propriedade pública foi vendida pela prefeitura do Rio para incorporadores imobiliários.

Tal procedimento é um padrão histórico do Estado brasileiro que vende seus ativos imobiliários buscando retorno financeiro para seus desequilíbrios fiscais, mas não consegue ao mesmo tempo desenvolver nenhuma política habitacional.

Vende para cobrir buracos, aumentando o fosso urbano sob seus próprios pés.

Importante enfatizar: as políticas públicas para oferecer assistência à população de rua são complexas e começam pela assistência social de acolhimento. E são urgentes também.

São Paulo tem mais de 25 mil pessoas nesta condição. O Rio tem mais de 15 mil.

Trata-se de um fenômeno americano. Cidades como Nova York e Los Angeles têm mais de 60 mil pessoas morando nas ruas. No caso brasileiro chama a atenção a presença de crianças e adolescentes nas estatísticas.

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